sábado, 13 de março de 2010

5 contra alguns

"Meu nome é lixo, mas pode me chamar de projeto de tradução intersemiótica"

Pessoas que fumam maconha (aka maconheiros) são privilegiadas nessa vida. Eles sempre são perdoados por tudo (ahhh, são apenas um bando de maconheiros), terminam isentos de imposto de renda, como os cardiopatas crônicos e os transplantados de rins, e ainda formam uma raça de beneficiados pelo programa canabis família. Na prática, maconheiro pode qualquer coisa, sem risco de sanções, admoestações, e o pior, sem autorização para serem atacados com frouxos de risos.

Digo isso motivado pela excursão cultural ao Teatro Vila Velha pra testemunhar a agonia da humanidade rumo a 2012. Neste caso, o capítulo: 5 sobre o mesmo, que começou piadisticamente com o apelido de 5 contra 1 (alusão onanista a algo que não poderíamos prever ser mais insosso que uma punheta) e terminou como 5 contra alguns (os performáticos atacando as glândulas pineais que gerem o bom senso dos 13 espectadores). Chamar aqui de espetáculo de dança é apenas uma colocação benevolente a malcriações de um grupo de pessoas que fumam maconha (aka maconheiros). Do mesmo jeito que você chama de banda aquele barulho crucificante que os colegas de seu filho do sétimo período fazem quando se juntam, microfones de Playstation nas mãos.

No caso daqueles, pessoas de comportamento erudito com catchup e maionese, frases de efeito fast food e propostas cult cream cracker, a ocupação, segundo críticos cremogema, é em "propor uma experiência autônoma e isolada, no qual o espaço e outros recursos cênicos, como a luz, a música e o cenário, por exemplo, só se tornaram conhecidos quatro dias antes da estreia". Como diria Obama, "talk for sleeping cow".

Pois pessoas que fumam maconha (aka maconheiros) nesse momento estão recebendo subvenção pública oficial para pesquisar, experimentar, delinear, coreografar e manipular modalidades de expressões artísticas, mesmo que isso seja o outro nome para imitações de ataques epiléticos, mímicas de treinamentos para comissárias de bordo ou reinterpretações da dança do glu glu de Sérgio mallandro na Oradukapeta. Tudo isso sem que seja cobrada qualquer contrapartida estética, ética, conceitual ou porra nenhuma, nem seja divulgada em edital a verba do orçamento gasta em erva doce para tanto. O pior é que ninguém pode falar nada, nem interromper o lixo com uma tosse ou arrotos poéticos no meio da catarse de lodo humano. Tem que pagar os oito contos e assistir calado para valorizar a cultura baiana.

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