sexta-feira, 26 de junho de 2009

EXCLUSIVO: Pintores revoltados vão borrar jornais da Bahia

por Tomás do Sul (repórter especial)

O Sindicato dos Pintores de Parede Autônomos e Seguradores de Rolo (SPPARRO) pretende homologar na próxima semana uma ação civil pública no Ministério Público e uma nota de repúdio no Sindicato dos Jornalistas da Bahia. Os profissionais do segmento de tinturar interiores estão revoltados com o prejuízo indireto ao trabalho deles advindo da redução de conteúdo das publicações impressas no estado.
A entidade de classe planeja protocolar a ação em que argumenta que a única razão de adquirir jornais está ameaçada. Atualmente, ponderam os reclamantes, um exemplar inteiro não funciona mais para colocar no chão e proteger o piso da tinta que escorre. "É um absurdo porque outro dia comprei o jornal e não deu pra cobrir sequer uma sala de 15m², que eu estava pintando com PVA", esbraveja João Dali do Salvador, vice-presidente de relações institucionais do SPPARRO. Questionado porque não leu o exemplar, ele reagiu com certa rispidez. "O senhor acha que eu vou ficar me interessando com coisas que não me dizem respeito como avião 44-alguma coisa, o namorado bichinha de Madona ou se Ivete Sangalo vai usar chinelo de dedo ou salto alto a partir do quarto mês de gravidez? Eu tenho mais o que fazer", concluiu, antes de pegar de novo na broxa.
João Dali, vice-presidente de relações institucionais do SPARRO, que pretende pintar o quadro-negro da imprensa baiana

MICHAEL JACKSON MORREU PRIMEIRO AQUI

“Michael Jackson morreu, mas me dê minha pititinga”
Foi com essa frase que o office-boy do Paredão da Imprensa divulgou displicentemente o maior furo de reportagem do século XXI. Ele que é o mancebo mais bem informado do Nordeste de Amaralina e adjacências entrou na redação no final da tarde com a boca cheia de farofa reclamando o que era o mais importante para ele: as agulhinhas fritas que o seu Tonho de Amorzinho havia anunciado por toda a rua que deixara em nossa central de informações e boatos bem fundados.
A história de como o boy obteve essa informação privilegiada renderia um Thriller (desculpem o trocadilho, mas é inevitável uma piadinha mórbida). Ele recebeu uma ligação do rapaz que brincava de “se esconder” com ele na infância. A voz foi logo reconhecida, mas o número no celular (cheio de algarismos) e a mensagem, não. “Ris déde, ris déde, risnote brifingue”, arfava, do outro lado da linha.
Sem compreender nada, o boy só falou: “calma, Cirilo, é você mesmo? Baixou o caboclo que entra em dona Dalva de novo?” Só então o amigo se deu conta que falava em língua estranha ao antigo parceiro (no bom sentido, claro) e explicou detalhadamente. Tinha ido para Los Angeles ser professor de capoeira dos gringos e lá conheceu Michael Jackson, que estava disfarçado de algo mais humano do que ele, um clone do Homer Simpson. Quando se tocou, já estava sendo convidado para aulas particulares com aquele homem careca e de rosto amarelo, com a protuberância abdominal, mas que estranhamente pediu licença para trocar de roupa e voltou do quarto magro, cabelo de chapinha e cara deformada cheia de ecmoses.
Só percebeu que era Jacko, quando tentou ensinar a dar um rabo-de-arraia e o nariz do aluno caiu. Ele simplesmente falou "sorry, sir" e grudou de volta a prótese nasal, como se fizesse algo simples como espirrar. Em questão de dias já dormia na mansão do astro, cujo aluguel é de 100 mil dólares mensais, mas sempre usando proteção (e não estou aqui falando de máscara cirúrgica, não). Até que naquela tarde ele - o ex-dono do ratinho Ben - sucumbiu aos efeitos nocivos de uma overdose de MM´s durante uma espécie de orgia com filmes antigos de Jerry Lewis, gessos ortopédicos de antebraços (???) e uma ampulheta do século XIV (nem precisa perguntar como eles usavam esse artefato).
Quando percebeu que o homem de 750 milhões de discos, 50 anos e amores do jardim de infância não respondia mais aos chamados, Cirilo resolveu ligar para a única pessoa que lembrava o número de celular de cabeça, que vem a ser o nosso boy pauteiro de O Paredão.
Assim que soube da história, fiz um DDI a cobrar para meus amigos do Los Angeles Times (que eu carinhosamente chamo de LAT) e ofereci a informação em troca de uma contribuição para o fundo paredônico contra a censura e pelo crédito livre. Alguns chamam isso de achaque, mas eu prefiro acreditar que estou lutando pela sobrevivência dos pequenos meios. Foi assim que os repórteres Andrew Blankstein e Phil Willon assinaram uma descoberta que é mais baiana do que o golpe das forminhas de empada na passarela.
Resta o consolo: Michael Jackson, como os répteis famosos do reino animal, vai ser empalhado e colocado em exposição pelo mundo. É o início da turnê “Who´s dead”.