terça-feira, 26 de janeiro de 2010

PRÉ-SAL, O TESTEMUNHAL OCULTO E QUEM PAGA A CONTA

Este O Cobrador da Silva não costuma muito ouvir rádio por questões de audiometria, mas em determinadas ocasiões digestivas do meu dia deixo os movimentos peristálticos das entranhas serem ninados por alguma frequência modulada. De forma que dia desses meus tímpanos testemunharam uma dessas aberrações da imprensa que parecem tão harmoniosas como uma protése de silicone nas tetas de uma tamanduá-bandeira.
Ouço o famoso âncora de um programa de difamações e lobbys no rádio falando como se quisesse ter uma conversa mais pessoal e franca com a meia dúzia de ouvintes que atendem ainda não pediram para parar o mundo e eles descerem. Ele tem a voz de um vovô da carochinha, como se quisesse contar melhor uma fábula de pescador. O que parece mesmo o prólogo de uma anedota se mostra uma propaganda descarada do Pré-Sal, a título de informação gratuita sobre os benefícios da arrojada iniciativa da Petrobras. Arrojada também é o nome que alguns marqueteiros usaram quando resolveram rasgar as páginas do dicionário onde estão escritas as palavras eleitoreira, arriscada e irresponsável.
Porque se fosse mesmo para contar uma história aos netinhos até o apocalipse poderia ser dito sobre Pré-Sal e a perfuração de camadas geológicas até então inacessíveis. Quando as placas tectônicas ficarem revoltadas e começarem a reagir deve ser a iminência do 2012. Nesse caso, a historinha seria bem mais interessante, rica em subsídios para especulações (como todo bom conto), e até mais honesta. Só que parecem pagar bem melhor para contar ficções que rendem eleições.

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