quinta-feira, 8 de outubro de 2009

JULIANA CUNHA: modo de tratar

Esta semana, depois de uma situação extremamente estressante em que o chip do meu celular precisou ser usado como desfibrilador para regularizar o sistema vascular dos meus orgãos pudendos após a vasectomia, precisei ficar alguns dias acamado. O estagiário do Paredão, que eu julgava simpatizar comigo, recomendou que eu lesse blogs e indicou um certo Já Matei Por Menos. Segundo ele, seria ótimo para passar o tempo e, ainda, com a possibilidade de ler ponderações interessantes sobre O Ser e O Nada (acho que pediram para ele revisar Sartre na prova do ENEM).
Para mim foi muito útil como passatempo durante os três minutos que consegui me dedicar à leitura. E também instrutivo: descobri que é possível, sim, "retaliar" Roland Barthes sem ser médium, mesmo sabendo que ele morreu há 29 anos, e em outro continente.
Esses 5% de hora dedicados ao deleite literário neste moderno produtor de ícones da intelectualidade (a saber, os melhores blogs de todos os tempos do último concurso da MTV) me motivaram também a uma análise semiológica sobre o legado da autora.
A Autora não chegou a pedir, mas em forma de reverência vou escrever em maiúsculas. Como eu falava, a Autora, apesar de ter a certeza de reunir toda a sabedoria ocidental a partir de Da Vinci sob o capuz do casaquinho vermelho encardido que usa nas fotos, nasceu em 1987, ou seja tem 22 anos e conseguiu assistir a, no máximo, 4 Copas do Mundo.
Como dizia o meu falecido padrinho, antes de cada vez em que abusava sexualmente de mim na infância, "alguém que não viu Rivelino fazendo gol no México, não tem capacidade de dizer o que é dívida ativa". Nem acho que essa frase faça muito sentido, mas tomando umas duas no Regaço do Transistor Queimado, vai ter gente dando risada (porque não precisam ter as lembranças doídas do meu passado).
Pois as elocuções da jovem fizeram emergir o meu senso de civismo e sensibilidade humana de algum lugar caótico, débil e ocioso da minha alma, que é uma espécie de câmara de vereadores etérea do meu próprio ser. Rapidamente me inscrevi em um curso de psicologia aplicada a vespas no Instituto Universal Brasileiro e em 72 horas (contando o tempo de compensação do cheque) já estava apto a analisar as chaves ocultas para a persona, o ego e o id da Autora.
Como método científico comprovado, recolhi as frases mais representativas dentro de uma análise psico-proctológica ativa para uma subsequente interpretação.

Era a melhor foto do mundo. A minha vivitar estava na bolsa: Um caminhão de mudança aberto parado na Avenida Higienópolis, uma cadeira Luís XV em cima dele, algumas caixas, um velhinho digno sentado na cadeira comendo laranja. E eu não tirei a foto. Porque tive vergonha de pedir permissão e tudo isso. FAIL.
A mim, tudo é permitido, em nome de fazer "a melhor coisa do mundo". Mas eu sou uma pessoa comum, quase igual a vocês, mesmo sendo bem melhor. Vou contar isso em um tom piegas para mostrar que eu também tenho minha parcela gente. Aí concedo a vocês o direito rápido de me criticar. Mas por uma coisa que eu fiz para o bem do próximo.

Um idiota pra mim é essencialmente uma pessoa que não consegue se colocar no lugar dos outros. Não falo em se colocar no lugar dos outros no sentido católico e altruísta de tratar o outro como gostaríamos de ser tratados etc etc, e sim no sentido de entender qual é a dos outros. Sabe uma pessoa que, por exemplo, tem um iPhone e não consegue entender como as pessoas vivem sem um iPhone? Esse pra mim é o idiota clássico.
Eu não gosto de pessoas que sejam diferentes de mim e que, por isso mesmo, se acham normais. Mas preciso dizer isso de uma forma descolada. Que tal falar que não gosto de gente diferente de mim falando que gente que não gosta de quem é diferente não tem nada na cabeça? Talvez, quando alguém entender a metalinguagem dessa análise esteja tão dopado que vai achar isso inteligente. Ou então, quem perde tempo lendo estas merdas que eu escrevo é idiota mesmo. Ah, e já superei a fase de MP4, gente... foi logo depois que consegui derrotar o computador musical do Genius.

O objetivo de cerca de 30% dos idosos não é passar as maçãs deles na sua frente e ficar menos tempo com as varizes doendo na fila do mercado. Observe que eles até querem ficar na fila. Querem que o caixa demore e tudo isso. Porque o objetivo não é ir pra casa, o objetivo é dizer que eles são educados e você não. Eles são o retrato de uma civilização superior e em ruínas e você é o etrusco da história.
Eu ainda não sou velha, mas como sou feia, tenho o direito de pensar como uma idosa.

Meu conceito de burro é uma pessoa que tem dificuldade de aprender, preguiça, é facilmente distraível, fica irritada quando não entende (as pessoas inteligentes ficam instigadas, curiosas, desafiadas. A típica criança burra é a que joga o quebra-cabeça pra cima porque não conseguiu montar) e, uma vez tendo aprendido, esquece no minuto seguinte.
A questão é: me identifico totalmente com essa descrição.
Eu sou burra, sim, mas se tivesse me conscientizado disso há mais tempo poderia ter poupado o gasto dos meus pais com analista. Já montei alguns quebra-cabeças na vida, mas não sei dizer quantos ou quais. Acho que nesse momento, eu esqueci.

Vocês já fizeram Enem? Eu fiz. No segundo e no terceiro ano. E o Enem era mais fácil que a mais fácil das provas da escola (a saber: minha escola nunca foi um exemplo de rigidez). Ok, isso foi há muito tempo, era o começo do Enem. As coisas podem ter mudado blá blá blá. Mudou nada.
Eu sou burra, sim, mas se tivesse me conscientizado já na época do ENEM poderia ter poupado o gasto dos meus pais com analista. E não ter votado em Lula.

Um Complemento Recorrente de Expressões e Usos (conhecido em meu curso por correspondência como CREU) também foi identificado. É a aplicação, a cada dois posts, da expressão "trombetas do apocalipse", ou em título ou em texto corrido. Carece de uma análise melhor, mas o mesmo tipo de anomalia foi identificado em anões com tendências suicidas, crianças abduzidas ou bancários que sofrem do distúrbio de fim do expediente (também conhecido como alcoolismo).

Agora, o diagnóstico:

Recomenda-se a administração de sexo para a paciente, que pode ser com o gênero oposto, com o mesmo gênero ou até outras espécies de seres vivos, desde que provoquem sensações de euforia, já que atualmente para ela a maior adrenalina injetada no organismo é receber uma proposta de cartão de crédito da C&A pelo correio.

O Cobrador da Silva, PH(o).D(a)

3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei!

Anônimo disse...

Mais sobre Juliana Cunha, por ela mesma:
http://bahiapress.com.br/wordpress/?page_id=1445

Anônimo disse...

Excelente!